Para além da superficialidade das campanhas, pensemos. Óbvio que onipresença de imagens de mulheres irrealmente perfeitas e a propagação desse ideal no cotidiano pela "conversa gorda" não são os únicos fatores provocando a escalada de neurose e distúrbios alimentares. Ainda que fossem, seria preciso pensar porque essas imagens e conversas são tão poderosas.
O que se passa, penso eu, é que a epidemia de sofrimento alimentar (neuras + distúrbios) é o complemento da epidemia de obesidade que é, ela mesma, um fenômeno complexo. Fica cada vez mais difícil não ser obeso (quer dizer, morbidamente gordo), daí as pessoas com peso normal e, mais compreensivelmente, aquelas que têm dificuldade para se manter assim estigmatizam os obesos e procuram se diferenciar radicalmente deles. O temor saudável que leva a comportamentos que evitam a doença se transforma, uma vez perdida a conexão com o real, em pavor, fobia irracional que precipita sofrimento, doença e, não esqueçamos, agressividade.
E o que é o real que a gente não deve perder de vista? OBESIDADE É UM PROBLEMA DE SAÚDE CAUSADO POR FATORES QUE VÃO MUITO ALÉM DAS ESCOLHAS INDIVIDUAIS. Pensar o contrário é típico do pior protestantismo: se você é pobre ou gordo, é porque não tem capacidade ou força de vontade. Eu tenho, complementa o(a) acusador(a), ah, eu tenho que ter.
A foto veio daqui.
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