Acordei cedo demais. Achei isso no Soundcloud: https://soundcloud.com/erasedtapes/kiasmos-bent. A cover art lembra as nuvens que eu desejo (ainda) mais quando estou dormindo acordada:
Foi feita por Torsten Posselt, um designer do FELD, com base numa obra de
Andreas Nicolas Fischer, um artista de que se pode ver mais aqui (o nome da série a que pertence a obra usada é Schwarm III).
Tuesday, September 29, 2015
Monday, September 21, 2015
Friday, September 11, 2015
Shinrin-yoku ou uma explicação bioquímica do prazer de passear entre as árvores
Não que se precise de uma explicação desse tipo, mas é interessante que pelo menos alguns prazeres sejam vitais até numa perspectiva ultraobjetiva. Aqui.
Thursday, August 6, 2015
Da mandioca à tapioca (e muitas outras coisas boas) 1
Anos atrás, quando eu ainda era uma estudante universitária que ia (caminhando) a cachoeiras, poucas pessoas conheciam tapioca. Os imigrantes nordestinos, lógico. Gente que tinha ido para o Nordeste ou que tinha amigos de lá e eventualmente aprendia a fazer pra ter um gostinho das férias em pleno perrengue paulista. Depois um iluminado pôs uma banquinha perto do parque Villa Lobos à qual se seguiram outras, fenômeno que deve ter acontecido noutros lugares do tipo.
Mas agora é outra escala: parece que todo mundo que eu conheço, ex-mochileiro ou não, nordestino, amigo ou descendente de nordestino ou não, está fazendo tapioca. Bom, um dia a verdade vence, pelo menos em alguns casos e ainda que não pelas razões mais retas. Me explico: acho que a febre da tapioca se deve ao fato de que ela não tem glúten e 1. a intolerância ao glúten está na moda (coisa intrigante) e 2. é uma opção para substituir o pão nos regimes que restringem ou proíbem glúten. Pra mim, no entanto, os melhores motivos para adotar a tapioca são: que é barata, rápida e fácil de fazer e, o decisivo, é deliciosa.
Enfim, recentemente, depois de várias tapiocas por aí, resolvi aprender, pra comer sempre que der vontade. A alegria que eu senti é como a de outras aprendizagens práticas... como a de aprender a fazer pão, macarrão, dirigir, qualquer coisa que melhora a vida e te dá mais autonomia. E, claro, comecei a pensar... Qual a diferença entre farinha e polvilho? E Maisena? E entre os polvilhos? E a mandioca, é só brasileira? E assim por diante.
O único ingrediente da tapioca - e uma das farinhas do pão de queijo e de outras tantas coisas gostosas - é o polvilho doce, extraído de mandioca (em inglês, cassava). Update: nos informaram de que o polvilho azedo também serve, e serve mesmo, apesar de todas as receitas que eu consultei indicarem só o polvilho doce. Fizemos só uma vez e achamos que ficou mais "borrachenta" ou massuda, mas é só fazer uma massa mais fina que resolve.
Pra quem não é do Brasil ou para brasileiros muito distraídos: a mandioca é nativa da América do sul, é a base da alimentação tradicional dos índios (e dos outros brasileiros). Há duas variedades, a brava e a mansa. A brava tem altas concentrações de ácido cianídrico (um veneno poderoso que mata porque se combina com a hemoglobina e portanto impede o transporte do oxigênio) e requer um tratamento especialmente longo ou intenso para virar alimento; a mansa, chamada também de macaxeira, tem menos ácido, que o cozimento faz evaporar.
Bom, o polvilho é o amido da mandioca. As raízes são moídas ou raladas. Coloca-se bastante água na massa resultante e a coisa vira um caldo branco espesso (uma suspensão), que então é coado - só o amido e a água passam pelo filtro. O processo pode ser repetido, o que retira mais e mais amido da massa. Se todo o amido for retirado, o que sobra é, uma vez seco, uma farinha de má qualidade (lógico, o amido é o gostoso).
Deixa-se o caldo de água e amido descansar; o amido decanta, tira-se a água. Sobram uns "blocos" que secam e depois são moídos: eis o amido doce. Ou pode-se deixar o caldo fermentar e então secá-lo e moer o que decantar, e o resultado é o amido azedo. Eles têm gostos e propriedades culinárias diferentes. A tapioca é feita de amido doce, que é o mais grudento (lógico, a fermentação consome parte do amido, que é o que gruda). Ah, está escrito no rótulo da Maisena "amido de milho". Milho, não mandioca. Fécula, a outra palavra que aparece, é "farinha rica em amido". E eu a vida toda achando que era um troço... sei lá.
Há muitos vídeos que ensinam a hidratar o polvilho para fazer a massa de tapioca. Quem sabe da próxima eu também faço um.
Mas agora é outra escala: parece que todo mundo que eu conheço, ex-mochileiro ou não, nordestino, amigo ou descendente de nordestino ou não, está fazendo tapioca. Bom, um dia a verdade vence, pelo menos em alguns casos e ainda que não pelas razões mais retas. Me explico: acho que a febre da tapioca se deve ao fato de que ela não tem glúten e 1. a intolerância ao glúten está na moda (coisa intrigante) e 2. é uma opção para substituir o pão nos regimes que restringem ou proíbem glúten. Pra mim, no entanto, os melhores motivos para adotar a tapioca são: que é barata, rápida e fácil de fazer e, o decisivo, é deliciosa.
Enfim, recentemente, depois de várias tapiocas por aí, resolvi aprender, pra comer sempre que der vontade. A alegria que eu senti é como a de outras aprendizagens práticas... como a de aprender a fazer pão, macarrão, dirigir, qualquer coisa que melhora a vida e te dá mais autonomia. E, claro, comecei a pensar... Qual a diferença entre farinha e polvilho? E Maisena? E entre os polvilhos? E a mandioca, é só brasileira? E assim por diante.
O único ingrediente da tapioca - e uma das farinhas do pão de queijo e de outras tantas coisas gostosas - é o polvilho doce, extraído de mandioca (em inglês, cassava). Update: nos informaram de que o polvilho azedo também serve, e serve mesmo, apesar de todas as receitas que eu consultei indicarem só o polvilho doce. Fizemos só uma vez e achamos que ficou mais "borrachenta" ou massuda, mas é só fazer uma massa mais fina que resolve.
Pra quem não é do Brasil ou para brasileiros muito distraídos: a mandioca é nativa da América do sul, é a base da alimentação tradicional dos índios (e dos outros brasileiros). Há duas variedades, a brava e a mansa. A brava tem altas concentrações de ácido cianídrico (um veneno poderoso que mata porque se combina com a hemoglobina e portanto impede o transporte do oxigênio) e requer um tratamento especialmente longo ou intenso para virar alimento; a mansa, chamada também de macaxeira, tem menos ácido, que o cozimento faz evaporar.
Esta imagem é do processo rústico, veio do site Agrofloresta, em que se pode ver todo o processo.
Bom, o polvilho é o amido da mandioca. As raízes são moídas ou raladas. Coloca-se bastante água na massa resultante e a coisa vira um caldo branco espesso (uma suspensão), que então é coado - só o amido e a água passam pelo filtro. O processo pode ser repetido, o que retira mais e mais amido da massa. Se todo o amido for retirado, o que sobra é, uma vez seco, uma farinha de má qualidade (lógico, o amido é o gostoso).
Deixa-se o caldo de água e amido descansar; o amido decanta, tira-se a água. Sobram uns "blocos" que secam e depois são moídos: eis o amido doce. Ou pode-se deixar o caldo fermentar e então secá-lo e moer o que decantar, e o resultado é o amido azedo. Eles têm gostos e propriedades culinárias diferentes. A tapioca é feita de amido doce, que é o mais grudento (lógico, a fermentação consome parte do amido, que é o que gruda). Ah, está escrito no rótulo da Maisena "amido de milho". Milho, não mandioca. Fécula, a outra palavra que aparece, é "farinha rica em amido". E eu a vida toda achando que era um troço... sei lá.
Há muitos vídeos que ensinam a hidratar o polvilho para fazer a massa de tapioca. Quem sabe da próxima eu também faço um.
Saturday, July 25, 2015
Friday, May 22, 2015
Lacan por Cristian Dunker
https://www.youtube.com/watch?v=xulSd_ceA7U
1:28:57 a 1:32:47
Ele se sai com essa ideia do plano sensível. (...)
O que está sendo nomeado? O objeto a. Por isso a nomeação
faz sutura no outro, ela introduz uma espécie de báscula, de absorção do objeto
para dentro da demanda, para dentro da estrutura, para dentro, vamos dizer
assim, da fantasia do sujeito. Isso coloca um problema bastante simples de
formular e muito difícil de resolver, que é a distinção no Lacan entre o
sensível e o empírico. O objeto a, ele é um objeto real ou ideal? Ele é um
objeto que possui... posição no espaço e no tempo, ou ele é um objeto como um
triângulo, que não está nem no espaço nem no tempo? Essa é uma pergunta ruim
ou, vamos dizer, é uma pergunta que é destruída pelo conceito mesmo de objeto
a. Porque o objeto a seria algo que é sensível mas não empírico. Ele é capaz de
produzir uma experiência, mas... por que que essa experiência não é um
fenômeno? Aqui está o fenômeno, descobri meu objeto a, chama-se tampa azul,
ando com ele no bolso, sou meio psicótico. Não! Não dá pra fazer isso, não
porque faltou análise, vamos fazer mais uma. O objeto a não é um objeto fenomêmico,
que vc consegue colocar no tempo e no espaço e, colocando no tempo e no espaço,
nomeá-lo, designá-lo ostensivamente, aqui, isto. Então vocês vão dizer, se ele
não é empírico, não é fenomênico, ele não é sensível. E aqui vem o comentário
do Leclair dizendo o objeto a, ele é sensível sim, ele incide, ele tem uma
corporeidade, como disse o Mustafá Safuan. Ele diz, essa história da nomeação
tem a ver com o que o Lacan chamou de carne, carne não é o corpo. A carne é a libra
de carne de que vc abre mão para entrar no campo simbólico. Que libra de carne?
Só vc for assim um judeu empirista que acha que a libra de carne é um pedaço do
pênis que vc tira na boca do caixa. Não, a libra de carne tem de ser feita de
outra matéria sensível, não é de fato uma parte do corpo, mas é uma parte da
carne. Isso introduz a necessidade de uma outra forma de consideração do
sensível, nem tudo que é sensível faz corpo. Corpo, Aristóteles, quer dizer, faz
um, tudo que é corpo faz um. O que não faz um não é corpo. Ah, mas tem coisas
que não fazem corpo, mas são sensíveis: objeto a.
Tuesday, May 5, 2015
Thursday, January 8, 2015
Subscribe to:
Posts (Atom)