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Ele se sai com essa ideia do plano sensível. (...)
O que está sendo nomeado? O objeto a. Por isso a nomeação
faz sutura no outro, ela introduz uma espécie de báscula, de absorção do objeto
para dentro da demanda, para dentro da estrutura, para dentro, vamos dizer
assim, da fantasia do sujeito. Isso coloca um problema bastante simples de
formular e muito difícil de resolver, que é a distinção no Lacan entre o
sensível e o empírico. O objeto a, ele é um objeto real ou ideal? Ele é um
objeto que possui... posição no espaço e no tempo, ou ele é um objeto como um
triângulo, que não está nem no espaço nem no tempo? Essa é uma pergunta ruim
ou, vamos dizer, é uma pergunta que é destruída pelo conceito mesmo de objeto
a. Porque o objeto a seria algo que é sensível mas não empírico. Ele é capaz de
produzir uma experiência, mas... por que que essa experiência não é um
fenômeno? Aqui está o fenômeno, descobri meu objeto a, chama-se tampa azul,
ando com ele no bolso, sou meio psicótico. Não! Não dá pra fazer isso, não
porque faltou análise, vamos fazer mais uma. O objeto a não é um objeto fenomêmico,
que vc consegue colocar no tempo e no espaço e, colocando no tempo e no espaço,
nomeá-lo, designá-lo ostensivamente, aqui, isto. Então vocês vão dizer, se ele
não é empírico, não é fenomênico, ele não é sensível. E aqui vem o comentário
do Leclair dizendo o objeto a, ele é sensível sim, ele incide, ele tem uma
corporeidade, como disse o Mustafá Safuan. Ele diz, essa história da nomeação
tem a ver com o que o Lacan chamou de carne, carne não é o corpo. A carne é a libra
de carne de que vc abre mão para entrar no campo simbólico. Que libra de carne?
Só vc for assim um judeu empirista que acha que a libra de carne é um pedaço do
pênis que vc tira na boca do caixa. Não, a libra de carne tem de ser feita de
outra matéria sensível, não é de fato uma parte do corpo, mas é uma parte da
carne. Isso introduz a necessidade de uma outra forma de consideração do
sensível, nem tudo que é sensível faz corpo. Corpo, Aristóteles, quer dizer, faz
um, tudo que é corpo faz um. O que não faz um não é corpo. Ah, mas tem coisas
que não fazem corpo, mas são sensíveis: objeto a.
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