Tuesday, August 16, 2016

Alimentemo-nos: com quê?

Reportagem bacana sobre a produção de frango

Maria Rita, Caminho das águas


Pra refrescar a esperança.

Spirogyra 2

Daqui a poucos meses, vamos embora. Donde a Olimpíada ser um momento privilegiado de reflexão sobre essa pátria mãe gentil e sua prole.
Hoje, de novo, um brasileiro estava a ponto de ganhar uma medalha, podia ser de prata, se o americano errasse, de bronze, se não. O americano errou.
O brasileiro conseguiu quebrar o recorde olímpico no salto seguinte. Agora, se o francês errasse, era ouro. E a torcida vaiou enquanto o francês se preparava pra sua última tentativa. Ele fez um gesto com o polegar pra baixo. O pessoal continuou vaiando. E o cara errou.
Na tv, os narradores esportivos torciam pelo erro. Os espectadores mandaram seus vídeos torcendo pelo erro. Talvez na sua casa seja ok torcer para que alguém erre, mas em grupo e na cara do camarada não é. Não é.
Update: o francês, La Villenie, foi vaiado na cerimônia de premiação, com a desculpa de que ele tinha xingado a torcida no twitter, e chorou. O brasileiro que ganhou a medalha de ouro foi lá depois conversar com ele e pedir desculpas pelo comportamento do público.

Sunday, August 14, 2016

Spirogyra, ou o vampirismo do Brasil

Eu estava assistindo aos jogos olímpicos. Aqui do lado, mas parece que é noutro mundo, tão inacessível, o Rio de Janeiro. Na Candelária do massacre, o fogo grego no centro de uma escultura que gira e gira e gira. Hoje dois brasileiros fizeram a final da ginástica de solo. Estavam em segundo e terceiro lugar, faltavam dois atletas. Um por um, a plateia ensandecida comemorou os erros deles. Em alto e bom som. Veja bem, não no final da apresentação, o que teria sido já muito cruel, mas enquanto eles ainda se apresentavam. Que tristeza, uma tristeza funda de saber daquela crueldade de trás pra frente, de cor e salteada.
E depois os vencedores começaram a chorar de alegria, a se abraçar, abraçar os treinadores. Difícil ver alguém tão feliz e comovido e não se sentir feliz por ele. Antes eu tinha imediatamente gemido de dó do cara que errou e ficado com os olhos marejados de vergonha da torcida. Perder porque o outro foi brilhante é uma coisa, perder porque se ficou como que abaixo de si mesmo é outra. Como alguém pode comemorar uma dor dessas?
Ironicamente, a narrativa da tv e do jornalão enaltecia um dos brasileiros porque ele havia caído de bunda no chão na olimpíada anterior, quando era o favorito dessa prova. E havia sido avacalhado por isso, "nas redes sociais". Ah, ele está tão emocionado porque deu a volta por cima, superou tudo, mas sobretudo, todos.
Finalmente, descubro no jornalão que o outro ginasta-agora-heroi fez umas brincadeiras racistas com um outro, que não entrou. E que disse que eles se entenderam e está tudo resolvido, que deseja tudo de bom pro cara que comparou a pele dele a um saco de lixo. A pira gira. O giro pira. Spirogyra é spairodjaira. O Rio de Janeiro continua lindo, vanguarda da barbárie.
Quem puder, leia a crônica do Antonio Prata, "E se nossos fracassos fossem transmitidos ao vivo?" E os comentários bárbaros no page bottom.
P.s. o medalhista de ouro, britânico, comemorou discretamente, não sei se intimidado, porque é assim mesmo na terra dele ou o quê. Eis algo que eu gostaria de saber.
P.s 2: O camarada que ficou com o bronze, o mesmo das piadas racistas, bateu continência no pódio, porque recebe o apoio das forças armadas. Inclusive é oficial.