Friday, May 22, 2015

Lacan por Cristian Dunker

https://www.youtube.com/watch?v=xulSd_ceA7U


1:28:57 a 1:32:47
Ele se sai com essa ideia do plano sensível. (...)

O que está sendo nomeado? O objeto a. Por isso a nomeação faz sutura no outro, ela introduz uma espécie de báscula, de absorção do objeto para dentro da demanda, para dentro da estrutura, para dentro, vamos dizer assim, da fantasia do sujeito. Isso coloca um problema bastante simples de formular e muito difícil de resolver, que é a distinção no Lacan entre o sensível e o empírico. O objeto a, ele é um objeto real ou ideal? Ele é um objeto que possui... posição no espaço e no tempo, ou ele é um objeto como um triângulo, que não está nem no espaço nem no tempo? Essa é uma pergunta ruim ou, vamos dizer, é uma pergunta que é destruída pelo conceito mesmo de objeto a. Porque o objeto a seria algo que é sensível mas não empírico. Ele é capaz de produzir uma experiência, mas... por que que essa experiência não é um fenômeno? Aqui está o fenômeno, descobri meu objeto a, chama-se tampa azul, ando com ele no bolso, sou meio psicótico. Não! Não dá pra fazer isso, não porque faltou análise, vamos fazer mais uma. O objeto a não é um objeto fenomêmico, que vc consegue colocar no tempo e no espaço e, colocando no tempo e no espaço, nomeá-lo, designá-lo ostensivamente, aqui, isto. Então vocês vão dizer, se ele não é empírico, não é fenomênico, ele não é sensível. E aqui vem o comentário do Leclair dizendo o objeto a, ele é sensível sim, ele incide, ele tem uma corporeidade, como disse o Mustafá Safuan. Ele diz, essa história da nomeação tem a ver com o que o Lacan chamou de carne, carne não é o corpo. A carne é a libra de carne de que vc abre mão para entrar no campo simbólico. Que libra de carne? Só vc for assim um judeu empirista que acha que a libra de carne é um pedaço do pênis que vc tira na boca do caixa. Não, a libra de carne tem de ser feita de outra matéria sensível, não é de fato uma parte do corpo, mas é uma parte da carne. Isso introduz a necessidade de uma outra forma de consideração do sensível, nem tudo que é sensível faz corpo. Corpo, Aristóteles, quer dizer, faz um, tudo que é corpo faz um. O que não faz um não é corpo. Ah, mas tem coisas que não fazem corpo, mas são sensíveis: objeto a.