Wednesday, July 27, 2011

Ao pé do rádio

Consta do folclore familiar que meu avô era o único da colônia a ter um rádio. Por isso ele soube antes dos outros que o Japão tinha se rendido. Quando contou, ninguém quis ouvir e parece que a família ficou socialmente isolada por meses - e olha que ele era o presidente da associação não sei das quantas, o clube dos imigrantes. Muitos anos depois, quando meu pai leu "Corações sujos" chegamos à conclusão que ele tinha tido sorte de não ter sido assassinado.

Lembro muito das empregadas domésticas passando roupa enquanto os locutores, sempre de voz cavernosa, falavam de crimes horrendos. Tinha também o rádio que minha mãe ligava de manhã e anunciava as horas a cada 15 segundos, pondo a gente, que tinha acabado de acordar e não entendia o que os números significavam, em desespero.

Mas enfim, cá estou. Gosto de ouvir as notícias pelo rádio na internet, andando com o netbook pela casa. É bom para quem quer exercitar a compreensão de outras línguas, é uma alternativa no mínimo curiosa ao ponto de vista (?) dos jornais brasileiros, mas no fundo é pela sensação de dar uma espiada no cotidiano da lonjura que eu gosto.


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